Revista Primavera Vermelha nº 2: A natureza das revoluções e os desafios da luta socialista

Matérias dessa edição

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Apresentação desta edição

Apresentamos aos leitores mais um número da revista “Primavera Vermelha”. Projeto impulsionado pelo Espaço Socialista, a revista se mantém como um instrumento para reativar o debate teórico na esquerda revolucionária, acolhendo contribuições de outras organizações políticas, inclusive internacionais, e reflexões individuais de nossos militantes, que não necessariamente expressam as posições do conjunto da organização.

Esse projeto é motivado pela percepção de que o debate político no interior da esquerda revolucionária brasileira precisa ir além da divulgação esporádica das resoluções fechadas das diversas organizações, envolvendo de maneira mais ampla e aberta os militantes individuais, ativistas e trabalhadores interessados na luta pela emancipação.

O esforço de retomar o debate teórico e colocar em discussão questões fundamentais da estratégia para a transição a uma sociedade livre da alienação se mostra uma necessidade crucial em uma época como essa em que vivemos. A crise estrutural do capital segue aprofundando-se a cada solavanco das crises periódicas, em que a irracionalidade do sistema do capital e sua dificuldade para retomar a taxa de lucro cobram um preço cada vez maior dos trabalhadores, que derramam seu sangue nas guerras, seu suor nos locais de trabalho e suas lágrimas num cotidiano opressivo que se caracteriza pela falta de sentido.

Ao mesmo tempo, a crise da alternativa socialista se manifesta dramaticamente a cada vez que os trabalhadores reagem, pois as belíssimas mobilizações do proletariado europeu contra a queda do seu padrão de vida e o heróico levante dos povos do Oriente Médio e norte da África, no que foi chamado de “primavera árabe”, encontram sérios limites na ausência de uma consciência socialista, de um programa que avance para a superação do capitalismo e de organismos de luta preparados para a tarefa.

Para contribuir com a superação da crise de alternativa, a revista “Primavera Vermelha”, que se sabe modesta pelo seu tamanho e alcance, busca ser ousada pelo seu conteúdo. Trazemos artigos que abordam questões fundamentais da transição ao socialismo, cuja derrota no século XX ainda deixa a muitos imersos na desorientação, da qual precisamos sair o quanto antes.

O texto Sobre a natureza das revoluções do pós-guerra e dos Estados “socialistas”, resgata o método marxista para restabelecer os critérios que permitem definir o caráter de classe de uma determinada forma de Estado. A partir daí, mostra como é impossível conceber uma revolução socialista em que algum outro sujeito social (a burocracia stalinista, maoísta, castrista, etc.) substitua a classe trabalhadora na superação do capitalismo e na construção da nova sociedade emancipada.

Essa compreensão é o ponto de partida vital para que se possa proceder a critica e a superação de processos contemporâneos que reivindicam para si o nome do socialismo.

O texto Cuba diante de uma encruzilhada, em base ao texto anterior, visa fazer um balanço do processo revolucionário cubano, discutir o papel do castrismo e também caracterizar a revolução como anti-capitalista e o Estado como burocrático, negando-lhe qualquer caráter operário (ainda que deformado).

Esses dois textos são de autoria de Roberto Ramirez, militante da corrente Socialismo ou Barbárie. O fato de estarmos publicando-os não significa que tenhamos qualquer vínculo orgânico com a corrente.

O texto “Sobre o centralismo democrático” busca mostrar como, na tradição do marxismo revolucionário, cuja materialização mais bem acabada foi o partido bolchevique, o centralismo democrático não era uma medida meramente administrativa sobre maiorias e minorias. Mais do que isso, era um produto da compreensão comum em torno dos objetivos fundamentais da luta, da confiança que se criava entre os militantes na atuação e do ambiente de debate fértil e aberto em que se formavam os autênticos revolucionários marxistas.

Finalmente, o texto “A luta pela cultura e a cultura pela luta” busca lembrar que o objetivo da revolução não é apenas a tomada do poder político para a obtenção de melhorias materiais (econômicas), mas a emancipação humana, o que exige repensar e reconstruir as relações humanas em todas as suas dimensões.

Fazemos pois o convite aos leitores para que se somem a esse debate e também à ação, pois a continuidade da existência do sistema do capital é sinônimo de continuidade da alienação e da barbárie. Contra o longo e tenebroso inverno da sociedade de classes, a humanidade precisa emergir em uma nova primavera, e terá que ser vermelha!