Nas medidas de Trump de aumento da taxação contra a economia brasileira – não por ironia, apoiadas pelo setor bolsonarista de extrema-direita brasileira como Tarcísio, Zema, etc. – precisam ser repudiadas porque buscam aumentar a dependência econômica brasileira em relação aos Estados Unidos.
Atacando a soberania nacional, Trump também vinculou o aumento das tarifas ao fim do processo judicial contra Bolsonaro e defendeu anistia para os golpistas, ou seja, um apoio explícito ao golpe. Como se não bastasse, Eduardo Bolsonaro e o neto do ditador Figueiredo se gabam por apoiar a taxação e ainda articulam mais sanções contra o país.
Os nacionalismos
Um dos lemas da extrema-direita brasileira é a defesa da pátria e dizem que amam o Brasil. Pura cretinice. Não é compatível defender o Brasil e os Estados Unidos ao mesmo tempo, uma vez que o imperialismo estadunidense sempre tratou o Brasil como um quintal. Ou seja, o nacionalismo e a defesa da pátria, para a extrema-direita, não passam de um discurso.
São aliados aos países imperialistas e não veem nenhum problema em entregar nossas riquezas. Lembrando que Bolsonaro já declarou que “ama os Estados Unidos”. Assim, o nacioanalismo da extrema-direita tem um caráter reacionário principalmente porque é desprovido de qualquer crítica ao imperialismo.
Outro tipo de nacionalismo, o revolucionário, é o da defesa dos interesses nacionais, de defesa do país e da soberania nacional contra qualquer ataque externo. É muito diferente porque seu caráter é anti-imperialista e revolucionário.
É fundamental entender essa diferença, pois está relacionada a um projeto de país e à luta pela independência política e econômica do Brasil em relação aos países imperialistas que historicamente sugaram nossas riquezas.
A burguesia brasileira não vai defender a soberania nacional
Ceder à chantagem de Trump colocaria o governo em uma condição que inviabilizaria sua continuidade e praticamente sepultava a reeleição. Lula não teve alternativa a não ser se opor. E Trump também não deixou margens de negociação.
Enfrentar o imperialismo exigiria a construção de um projeto de nação independente, que priorizasse o mercado interno abastecendo primeiro o povo, estruturasse uma indústria nacional utilizando os recursos minerais, rompesse com o sistema da dívida pública deixando de enviar parte importante de nossas riquezas para o exterior e, por fim, que limitasse a remessa de lucro das multinacionais para o exterior, dentre outras medidas.
A ruptura com esse modelo nunca esteve colocada na ordem do dia, nem por Lula e muito menos pela burguesia brasileira. A opção política de produzir bens agrícolas e matéria prima para exportar e importar produtos industrializados tornaram o Brasil dependente de mercados estrangeiros.
Ainda que tenha outras mediações como a China, grande consumidora dos produtos agrícolas brasileiros, a relação da burguesia brasileira com os imperialismos é de dependência econômica e de subserviência. Por isso se submete aos caprichos do imperialismo.
Só a classe trabalhadora pode enfrentar o imperialismo
O nacionalismo defendido pela extrema-direita também está relacionado à tentativa de impor um regime político mais duro como 8 de janeiro de 2023. Esses partidos e seus governos querem controlar os movimentos de massas para imporem um projeto de dominação.
Essa relação de dependência ao imperialismo e um regime político mais reacionário interessam muito para uma parte da burguesia (como o agronegócio) e por isso apoia a extrema-direita. É uma condição para aprofundar a superexploração, também ampliar os ataques aos povos originários e suas terras e aumentar a taxa de lucro.
Mas a burguesia liberal, a qual Lula representa, também está presa a essa lógica, não vai bater de frente com o imperialismo e vai tentar forçar uma negociação. Ocorre que, nesse cenário, qualquer negociação já parte com uma vantagem para os Estados Unidos, ou seja, já sai perdendo.
Como a classe trabalhadora, e principalmente o proletariado, não tem nada a perder rompendo com o imperialismo, somente ela poderá enfrentar Trump, as tarifas e construir um país livre de qualquer forma de dependência. Por isso, no nosso modo de entender, a luta pela soberania nacional passa por romper com a burguesia e construir uma alternativa anti-imperialista e anticapitalista. Essa é a única forma de barrar o protecionismo dos Estados Unidos, a única forma de defender a nossa soberania.
Nesse sentido, há duas questões importantes: a primeira é batalhar para que as direções do movimento social brasileiro saiam desse comodismo e ajudem a mobilizar as bases das categorias de trabalhadores, a população em geral e a juventude. E a outra é seguir em frente na construção de uma alternativa radical ao sistema e a essas direções imobilistas.