A polícia racista do Rio de Janeiro, mais uma vez, matou um jovem negro morador de comunidade. Herus Guimarães Mendes era office boy e tinha 23 anos. Segundo o depoimento emocionado de sua mãe na manifestação que moradores da comunidade organizaram no dia seguinte ao seu assassinato, ele foi atingido quando fazia um pagamento por pix de um lanche na festa junina local.
A população periférica não tem direito à alegria
No sábado, 7 de junho, estava acontecendo uma festa junina na Comunidade de Santo Amaro, Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Como sempre, a PM chegou atirando, mas alegou por nota pública que foi atacada por tiros. O pretexto para o BOPE ter entrado dessa vez foi a possibilidade de brigas entre facções rivais, ou seja, haveria bandidos em tocaia.
O próprio Ministério Público, que é uma instituição a serviço dos interesses da burguesia, abriu inquérito para apurar a não observação por parte dos responsáveis pela operação de não seguirem os “protocolos e procedimentos operacionais da corporação”.
Ora, essa história já é velha conhecida de todos que vivem nas favelas do Rio de Janeiro. Não existem Direitos Humanos quando se trata de invadir os territórios e corpos negros e pobres, aliás, o mesmo acontece em quilombos e aldeias indígenas. As garras do latifúndio atingem e sangram pessoas em seus territórios sem medo de punição, pois a justiça é lenta e conivente com os crimes da burguesia.
O braço armado do Estado faz o trabalho sujo
Há quem argumente que os policiais são assalariados e por isso são trabalhadores também. Realmente, eles são recrutados na classe trabalhadora, mas são treinados para defenderem as instituições do Estado burguês usando a violência. Ou seja, são os instrumentos através dos quais a mão pesada do Estado bate nos que se revoltam e mata seus indesejáveis.
A polícia militar precisa acabar. A Guarda Real, militar, surgiu no Brasil com a chegada da corte de D. João VI com o intuito de reprimir as massas pobres, garantindo o bem-estar da nobreza. O serviço dos capitães do mato perseguindo os descendentes de escravizados que não foram devidamente incorporados à sociedade que estava se tornando capitalista com o regime republicano seguiu sendo praticado pelas forças militares, já que não houve ações afirmativas. Em lugar delas, leis foram criadas para promover o encarceramento em massa e continuidade do genocídio dos negros.
Mas a polícia militar, tal como a conhecemos, surgiu na ditadura militar fazendo o papel de repressão brutal a todos que se rebelavam contra o regime. Com sua criação, a letalidade nas ocorrências policiais aumentou muito. E se depender da classe dominante, a coisa vai continuar assim porque não são os filhos dela que morrem nas operações policiais.
Da lei da vadiagem às leis que tipificam de maneira subjetiva quem é usuário e quem é traficante de drogas ilícitas e o aumento das penas para crimes contra o patrimônio, o código penal brasileiro sempre foi um manual de instruções de como manter a desigualdade social e o racismo pela repressão. E a polícia é o agente que executa o serviço sujo de caça.
Armas do Mossad e treinamento de guerra
As Polícias militares estaduais compram armamentos de Israel. É o caso, por exemplo, do Espírito Santo, que fez uma compra de fuzis em 2023. O exército brasileiro também fez uma compra do Estado ilegítimo de Israel: adquiriu, em abril de 2024, 36 viaturas blindadas de combate de uma das maiores fabricantes de armas e sistemas militares de Israel. Até a FAB (Força Aérea Brasileira) utiliza tecnologia da máquina de matar gente israelense, tendo feito um contrato com uma empresa israelense para manutenção de dois drones de vigilância.
Para as olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, o Brasil importou equipamentos de segurança israelenses para reprimir a população. Desde 2013 há denúncias de uso de caveirões israelenses para intimidar e matar a população de nossas favelas. Além disso, estão sendo usados caveirões voadores -helicópteros blindados que podem alvejar a população covardemente- que incomodam os moradores das comunidades sobrevoando-as ostensivamente. O primeiro desses helicópteros que o Brasil comprou havia sido usado na guerra do Vietnã.
Protestar é um direito
No dia seguinte à morte de Herus, quando cinco pessoas também ficaram feridas, os moradores da comunidade de Santo Amaro organizaram um protesto pacífico pelas ruas do Catete, seu bairro. Um homem, alegando querer passar com seu carro, deu pelo menos dois tiros a esmo, assustando os manifestantes. Ele acabou preso e era um policial civil de folga.
Aqueles contaminados pelas ideias fascistas que disputam as mentes fortemente no Brasil e em muitos lugares pelo mundo afora não admitem que os grupos oprimidos reajam à violência que sofrem. É uma concepção de que “as minorias devem se curvar à maioria”, palavras diversas vezes proferidas por Bolsonaro.
Mas a reação dos oprimidos é legitima e precisa acontecer cada vez mais. A engrenagem do capitalismo é movida pelos pobres em todos os sentidos: pelo trabalho árduo, pelos salários baixos, pela morte precoce de homens negros, pela prisão. É preciso que cada vez mais os trabalhadores e trabalhadoras se organizem em comitês de luta e autodefesa para que o Estado pare de matar os corpos negros jovens como Herus.
Pelo Fim da polícia militar racista!
Punição, expulsão e prisão para os policiais que matam!
Suspensão imediata da compra de equipamentos e armamentos do Estado racista de Israel!