Israel cometer crime contra o povo palestino e o nome dessa ação significar genocídio não é novidade para os governos aliados e nem para os coniventes. Vários governos (África do Sul, Colômbia, etc.), ONU, cientistas, personalidades e ativistas e organizações políticas já tratam essa tragédia por esse nome há muito tempo. E forçaram muitas pessoas ver o que está um palmo adiante do nariz.
São chocantes as cenas e imagens de pessoas famintas, crianças subnutridas, pessoas sendo metralhadas em fila de “ajuda humanitária”, dezenas de milhares de pessoas mortas e outras tantas com todo tipo de sequela, o bloqueio de entrada de alimentos e a destruição de Gaza.
Em Israel um alento
Nos últimos dias, a principal e mais antiga organização de Direitos Humanos de Israel, B’Tselem também reconheceu que as ações em Gaza se caracterizam como genocídio. De fato, é uma declaração já bem tardia, mas, considerando que é uma voz dentro de Israel, tem impacto em vários países. Essa ONG já tinha publicado em 2021 um documento em que caracteriza Israel e seu regime de apartheid em todos os territórios que controla.
Segundo dados, o atual relatório chamado Nosso Genocídio (2025) traz muitos fatos que reforçam e comprovam a importância dos vários movimentos em defesa da Palestina Livre. “A revisão apresentada neste relatório não deixa espaço para dúvidas. Desde outubro de 2023, o regime israelense tem sido responsável por realizar genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza. ”
Detalhando os horrores de Israel em Gaza, o B’Tselem mostra que ações israelenses são intencionais, deliberadas e calculadas; que as ações militares são definidas e começam com “política de fogo aberto”, com invasão e bombardeio de forma indiscriminada contra o povo e o território palestinos.
Afirma que essa “política de fogo aberto de Israel permite níveis sem precedentes de danos” em relação aos palestinos. E que o objetivo é de destruição geral e de eliminação do povo palestino que está em Gaza. Os ataques são cotidianos e contínuos até que destruam tudo, Israel bombardeou Al-Mawasi, uma “zona segura”, 97 vezes entre maio de 2024 e janeiro de 2025.
A morte sempre está por perto
No primeiro ano do genocídio, a expectativa de vida em Gaza caiu para os homens em 51,6% e 38,6% para as mulheres, mostrando que mulheres e crianças são os alvos preferenciais dessa política de Netanyahu. As áreas mais povoadas de Gaza são consideradas “zonas de morte”, locais que são “fronteiras arbitrárias, às vezes incertas até mesmo para os próprios soldados, onde foi dada permissão para abrir fogo contra qualquer pessoa vista dentro deles”.
Os números não são precisos, porque há muitos corpos embaixo dos escombros, mas as estimativas conservadoras indicam que as forças israelenses já mataram mais de 58 mil palestinos em Gaza.
No entanto, as mortes não se restringem a Gaza. Nesse período, o governo de Israel já matou mais de mil palestinos na Cisjordânia, incluindo os 26 assassinados pelos colonos israelenses com a proteção das forças militares.
Os ataques aéreos já destruíram ou “danificaram severamente” 92% dos edifícios residenciais e 69% dos demais. Na Cisjordânia foram destruídas quase 1.600 estruturas para dar lugar a assentamentos israelenses ilegais.
A violência do governo Netanyahu não está limitada à violência militar direta. Segundo o relatório, já estendeu sua violência e ataca sistematicamente a alimentação, a saúde e a infraestrutura de Gaza.
As cenas de ataques aéreos mostram a destruição de hospitais e da infraestrutura médica na Faixa de Gaza. Existem apenas 2.000 leitos hospitalares para uma população de dois milhões. “Menos da metade dos hospitais de Gaza estão em funcionamento parcial”, o que significa que cerca de 5.000 pessoas morreram de causas totalmente evitáveis. Nesse período, foram realizadas 4.700 amputações e todos os pacientes tiveram negado o tratamento adequado devido ao bloqueio da ajuda humanitária.
A fome e a sede como armas de guerra
A proibição da entrada de alimentos em Gaza é parte da violência desse governo e de seus aliados para matar de fome as crianças por subnutrição. Antes de 7 de outubro, entravam por dia em Gaza cerca de 500 caminhões com alimentos muito aquém do necessário, ainda assim o governo de Netanyahu reduziu entrada para 120.
E ainda quando chegam, as forças militares abrem fogo contra os palestinos famintos. Nos últimos dias quase 1400 palestinos foram mortos nesses postos de distribuição, incluindo muitas crianças e adolescentes.
Como se não bastasse bloquear a entrada dos caminhões, segundo a B’Tselem, “Israel destruiu sistematicamente grande parte da infraestrutura que permite a produção local de alimentos em Gaza”. Foram destruídos 80% dos campos e poços agrícolas, 95% dos rebanhos de gado e metade dos rebanhos de ovelhas e cabras foram eviscerados (vísceras retiradas).
Conforme escreveu B’Tselem: “Não havia precedentes para a velocidade e escala de fome infligidas a uma população civil como testemunha em Gaza”. Chegar em setembro nessa mesma situação, teremos cerca de 470 mil pessoas enfrentando uma fome catastrófica em Gaza.
Outra grande violência é a destruição das fontes de água, o governo de Israel já destruiu 84% do abastecimento de água e mais de 60% das redes de distribuição de eletricidade.
O genocídio inclui apagar a história do povo palestino
Os ataques aéreos também miram as escolas, Netanyahu já destruiu cerca de 90% delas e está deixando quase 700 mil crianças sem algum aprendizado. O objetivo também é apagar a história do povo palestino. Quase 210 sítios arqueológicos e históricos na Faixa de Gaza já não existem mais, incluindo o arquivo central que foi incendiado.
É importante o destaque da B’Tselem de que o genocídio em curso é um produto histórico e está incorporado nos programas de governo e ao Estado de Israel, sendo o regime do apartheid a forma para a desumanização dos palestinos com essa violência abominável.
E destaca também que são três características identificadas nessa rota e “que lançaram as bases para uma mudança em direção a uma política de destruição da sociedade palestina e cometer genocídio”: o regime do apartheid, a “desumanização e conceptualização dos palestinos como uma ameaça existencial” e o “uso sistêmico e institucionalizado da violência contra os palestinianos”.
O Estado sionista e o governo fascista de Netanyahu transformaram o sistema prisional em “campos de tortura”.
Há milhares de palestinos presos, incluindo crianças e adolescentes. A maioria sequer tem acusação formal. As torturas, privações de água e alimentação e mortes são recorrentes nas prisões controladas pelo regime sionista.
A B’Tselem também destaca que todos os métodos de tortura são para deixar “profundas cicatrizes físicas e psicológicas sobre os detidos palestinos, mesmo após a sua libertação”. Em um caso, o estupro de um palestino algemado chegou a ser apoiado por membros do parlamento israelense.
A tentativa de desumanização do povo palestino desempenha um papel de legitimação da violência e do genocídio pelo governo de Israel e que, infelizmente, a maioria do povo israelense apoia. Netanyahu insiste em apresentar os palestinos como uma “ameaça existencial, que funciona como “justificação moral e legitimidade social para prejudicar civis”.
O relatório da B’Tselem contribui para o que os Movimentos de Solidariedade ao Povo Palestino têm dito e poderá fortalecer a crise de legitimidade que o governo de Israel enfrenta.
E nós insistimos: seguimos lutando e defendendo o Povo Palestino e sua História! Por uma Palestina Livre do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo! Contra o governo sionista e fascista de Netanyahu!