Em agosto, o Estado sionista de Israel traçou a estratégia de assumir o controle total da Faixa de Gaza. Para Netanyahu a ofensiva contra os palestinos e o Hamas é definitiva, ao contrário das vezes anteriores. Para isso, Israel destruiu, quarteirão a quarteirão, a Cidade de Gaza. Além disso, as cidades de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, e de Beit Hanoun, ao norte, também foram destruídas.
Dessa forma, Netanyahu quer manter as áreas conquistadas para exploração dos ricos campos de gás natural no Mediterrâneo, em frente à Gaza, Já o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich afirmou que a Faixa de Gaza é uma potencial “mina de ouro” imobiliária e que está em negociações com os EUA sobre como dividir a região após a guerra: “Há um plano de negócios, elaborado pelas pessoas mais profissionais daqui, que está na mesa do presidente Trump”.
O holocausto do povo palestino
Conforme fontes do Ministério de Saúde de Gaza, atualmente, os números de palestinos mortos giram de 60 a 70 mil. Entretanto, o economista inglês Michael Spagat estimou que, até o início de janeiro deste ano, mais de 80 mil palestinos já tinham sido mortos na guerra em Gaza. Portanto, 65% a mais do que os números do Ministério da Saúde, à época; um morto a cada 25 palestinos, 4% dos 2,3 milhões que antes habitavam a Faixa de Gaza. São números superiores a qualquer guerra deflagrada no século XXI. Mais de 30% dessas mortes são de crianças e adolescentes; 22% de mulheres e 4% de idosos.
Há outras fontes que estimam que pode passar de 200 mil mortos. Outras centenas de milhares ficaram feridas ou mutiladas. Fontes do próprio exército israelense reconhecem que as vítimas civis são 83%, mostrando que Israel não combate o Hamas, mas o povo palestino.
É um holocausto, com a fome desenfreada e o colapso dos serviços de saúde, escolas e infraestrutura. Cerca de 750 mil palestinos fugiram das suas casas, aglomerando-se em acampamentos de tendas cada vez maiores no centro e sul da Faixa de Gaza. Muitos palestinos, cansados da guerra, dizem que simplesmente não podem ou não querem ser mais deslocados.
Na sanha assassina do Estado sionista contra os palestinos multiplicam-se os assentamentos de colonos israelenses na Cisjordânia, área com 3 milhões de palestinos, do tamanho do Distrito Federal, entre Jerusalém e a Jordânia, dividida em três regiões, sendo somente uma delas dirigida pela Autoridade Nacional Palestina. Israel também deixou vítimas no Líbano (1974 mortos); no Irã (935 mortos) e até no “neutro” Catar (5 mortos).
Solidariedade internacional dos trabalhadores e da juventude aos palestinos contra a ideia reacionária de 2 Estados
Recentemente, França, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal reconheceram o Estado palestino, totalizando assim 151 estados membros em 193 da ONU. Na ida à Conferência, Netanyahu evitou passar por países europeus para não ser preso por crimes de guerra. E a maioria das delegações se retirou do plenário da ONU, quando o genocida sionista discursou.
Essas reações, entretanto, assim como as do governo Lula, seguem no marco da ideia reacionária da coexistência pacífica de um Estado e um povo palestino desarmados e um Estado sionista e expansionista e fortemente armado.
Em contrapartida, milhares de pessoas na Espanha, Grécia, Itália, França estiveram na saída da Flotilla Sumud que levava ajuda humanitária aos palestinos. Mesmo com 11 embarcações atingidas por drones israelenses, a Flotilla não recuou. Já, nos explosivos atos da França contra Macron e na Greve Geral que paralisou a Itália, a questão palestina esteve no centro. Trabalhadores portuários italianos, vanguarda da greve, já estavam, há muito, mobilizados em torno da causa palestina.
A solidariedade internacional da juventude e dos trabalhadores foi vital para a derrota ianque na guerra contra o Vietnã e na vitória da revolução nicaraguense em 1979. Ela poderá cumprir o mesmo papel na luta pelo fim do Estado de Israel e pela constituição de uma Palestina Livre, laica, independente e socialista.