A violência e o extermínio de populações indígenas no Brasil não são de hoje. Em todas as regiões do país são mortas e expulsas de suas terras.
As invasões de pecuaristas, fazendeiros, industriais e banqueiros para tomar as terras indígenas, escravizar a mão de obra e expropriar as riquezas naturais e minerais têm intensificado os conflitos, as várias formas de violência e a miséria dessas populações. Também têm trazido doenças (malária, desnutrição, óbito neonatal, HPV, etc.). Entre 2019 e 2022, cerca de 3.600 crianças indígenas de 0 a 4 morreram de desnutrição, doenças e contaminadas (CIMI). A contaminação de rios por mercúrio afeta diretamente a vida dessas crianças, o leite materno, leva ao aborto, etc.
Têm aumentado os homicídios, os suicídios e o feminicídios, inclusive o feminicídio político (lideranças, parteiras, rezadeiras, etc).
Entre 2000 e 2020 o feminicídio de mulheres indígenas no Brasil aumentou 167% (Instituto Igarapé). Em 2022, em Roraima, por exemplo, foram registrados 726 casos de estupros (Numur). Tudo isso sem contar as subnotificações das denúncias (distância entre comunidades e delegacias, a língua portuguesa, etc.)
A resistência à violação ou “à venda” do corpo, a resistência por preservar a vida, a ancestralidade, o território, os recursos naturais e a necessidade da luta organizada têm feito com que as mulheres indígenas tenham sido as principais vítimas dos conflitos agrários (Terra jan/2024). Todas essas violências contra as mulheres indígenas são encontradas em todas as regiões do país como as ocorridas: em Roraima (senhora Yanomami por desnutrição, 2023); no Mato Grosso do Sul (feminicídio da adolescente Kaiowá, 2023); no Rio Grande do Sul (menina Kaingáng numa disputa por terra); em Minas Gerais (estupro de adolescente Xacriabá, 2023) ou como ocorreu na Bahia (liderança Pataxó por resistir à suposta reintegração de posse, 2024).
Além de representar a deterioração do sistema capitalista e o aprofundamento da degradação causada pelo patriarcado, representa também a necessidade de dizimar de diversas formas as populações indígenas, inclusive, através da limitação da procriação.
As legislações favorecem a destruição e a miséria
A legislação no Brasil, em todos os governos, sempre favorecem grandes fazendeiros e pecuaristas, industriais e banqueiros. O Marco Temporal (2023) é um exemplo e expulsará a população indígena de suas terras, intensificará a crise humanitária para 1,7 milhão de indígenas no Brasil, a legalização “das violências” e o aprofundamento da miséria.
Já tem sido comum os governos e o empresariado de fazendas apostarem na “integração” dos povos indígenas para que habituem-se às práticas dos próprios opressores.
Um exemplo é o que vem ocorrendo em algumas regiões em que há oferta de dinheiro de “gente de fora da aldeia” para eleger o cacicado e as cacicas, para facilitar negociações e acordos com os interessados pelas terras já demarcadas ou não, pela mão de obra, pelos seus recursos naturais e minerais e pela participação parlamentar.
Na luta contra o Marco Temporal no Congresso, as cacicas disputaram a titularidade dos seus territórios, denunciaram os vários crimes ambientais, a miséria e negociaram políticas públicas.
A burguesia rouba, expropria e mata
A destruição da natureza com os desmatamentos, as queimadas para a exploração florestal, o aumento da pecuária e agricultura, para as extrações de recursos naturais e minerais (petróleo, gás, ouro, chumbo, ferro, urânio, nióbio, cassiterita, etc.) são a base para a sustentação de grandes empresários/empresárias (empresas de fazendas) e banqueiros/banqueiras nos diversos setores da economia.
E para manter o roubo, a expropriação, o trabalho escravo e os assassinatos das populações indígenas, esses setores contam com os governos, com a ilegalidade e a impunidade (01 conflito a cada 4 horas, Agência Brasil, 2023) no aumento de suas fortunas.
Famílias bilionárias de banqueiras como Vicky Safra e Ana Villela (Itaú) construíram e mantêm parte de suas riquezas (agropecuária, agrotóxicos, produção nióbio, etc.) sobre territórios Xavante (MT) e Guarani-Kaiowá (MS) e outras da extrema-direita como de Diana Fainstein (argila, cacau, etc.) sobre território Pataxó. Enquanto isso, mulheres indígenas como a Pajé Nega Pataxó (BA) seguem na luta pela vida, pelo seu território, cultura e ancestralidade.
Com tudo isso se nota a necessidade de desumanizar os povos indígenas, desde 1500. E a forma efetiva de acabar com um povo é dizimar suas mulheres e crianças. Nega Pataxó nos representa, mulheres organizadas em luta! Nega Pataxó, Presente!
- Pelo fim do extermínio das populações indígenas!
- Pelo fim da destruição e da expropriação de nossas riquezas!
- Contra o Marco Temporal!