No dia 27 de Maio, os mais de 600 trabalhadores da siderúrgica Gerdau, de Barão de Cocais, foram pegos de surpresa pelo anúncio de fechamento da fábrica e de demissão em massa.
Os trabalhadores em assembleia, com apoio da CSP-Conlutas e do Sindicato dos Metalúrgicos de Barão de Cocais, aprovaram estado de greve e fizeram uma passeata que envolveu quase toda a cidade.
No dia 4 de Julho, após mais de um mês de atos, moções e tentativas de negociação, foi realizada uma audiência na Assembleia Legislativa de MG. Estavam presentes representantes dos trabalhadores, do governo do Estado, da prefeitura municipal, do governo federal e representante do departamento jurídico da Gerdau.
Por um lado, os representantes da Gerdau se limitaram a dar um informe vago, rápido e com argumentos que tentavam justificar o “estamos negociando”, o “demos oportunidades colaboradores”, etc.
Por outro lado, os trabalhadores com diversos testemunhos mostraram que não era correto chamar de negociação o que estava sendo feito: seguranças “supostamente” armados em toda a empresa colocando os trabalhadores para fora, sem permitir a entrada de quem trabalhou décadas ali e sem qualquer aviso ou preparo.
O sindicato lembrou o histórico da Gerdau na cidade como uma empresa que sempre chantageou, ameaçou e, ao longo dos anos, avançou mais e mais nos cortes de direitos dos trabalhadores.
Infelizmente, a maior parte dos trabalhadores achava que perder os benefícios manteria a empresa na cidade. Mas, não foi assim.
Os trabalhadores se sentem traídos pelos gestores, que diziam ser “mineiros de coração” e que se preocupavam com a vida de todos, etc.
De acordo com o sindicato, a empresa não ofereceria nada além de um mísero salário aos metalúrgicos que seriam demitidos. A Técnica do ILAESE fez uma apresentação e demonstrou que o aumento dos lucros nos últimos 4 anos é muito superior a média de décadas. Apresentou também as tendências de perdas para a cidade nos diversos setores, o que levaria crise financeira para toda a população.
Os parlamentares e organizações de esquerda acham um absurdo o comportamento da Gerdau e se preocupam com a tranquilidade da empresa em operar demissões em massa por todo o estado.
Também foi feito um requerimento para o levantamento de todos os subsídios, isenções e benefícios obtidos pela Gerdau no Estado e com o questionamento do porquê a Gerdau não quer essa planta operando, quer somente deixá-la hibernando sem vender ou ser administrada por outra empresa.
No capitalismo é assim, as grandes empresas recebem todos os tipos de isenções, usam dinheiro público, não pagam suas dívidas com o Estado e vão embora “de boa” quando querem. E, muitas vezes, os próprios trabalhadores ficam receber os direitos trabalhistas e adoentados.
Entendemos que é necessário repensar o modelo de mineração e siderurgia do país.
Enquanto multinacionais, como a Gerdau, definirem o que fazer com o meio ambiente, a economia e vida das pessoas seremos eternos reféns e ainda subsidiando estes ricaços.
Precisamos também pensar o quanto se faz necessário a estatização sob controle dos trabalhadores destas áreas estratégicas.
Nós, trabalhadores, precisamos superar qualquer tipo de corporativismo e lutarmos como classe. Quando se ataca um ramo, todos nós devemos nos organizar, mobilizar e nos solidarizar.
A luta dos metalúrgicos da Gerdau e da população de Barão de Cocais continua.