Israel comete outra crueldade contra os palestinos e o mundo e dessa vez é o sequestro de uma embarcação que rumava para Gaza, transportando fórmulas para bebês (nutrientes), arroz e outros medicamentos e alimentos par serem distribuídos para a população que está há meses privada de acesso a alimento, medicamentos e água.
A embarcação, chamada de Madleen, como homenagem à pescadora de Gaza Madleen Kulab, partiu da Sicília (Itália), no dia 1 de junho e, além da entrega dessa ajuda (que é muito pequena diante das necessidades da população de Gaza) é uma denúncia do genocídio provocado por Israel contra os palestinos presos na faixa de Gaza, cercados por todos os lados pelos militares israelenses em terra, ar e mar.
A tripulação era formada por 12 pessoas, entre elas a ativista ambiental Greta Thunberg, Rima Hassan, membro do Parlamento Europeu da França e também o brasileiro Thiago Avila. Foi organizada pela Freedom Flotilla Coalition (Coalizão Flotilha da Liberdade), uma organização que tentou várias vezes chegar a Gaza por mar. Na penúltima tentativa Israel bombardeou o motor da embarcação impedindo que seguissem adiante. Lembrando que esse bombardeio ocorreu em águas soberanas de Malta e contou com o silêncio de todos os governos imperialistas. O regime sionista tem impedido pessoas de deixarem ou se aproximarem do litoral de Gaza desde 2007, inclusive, em 2010, chegou a bombardear e matar 10 pessoas em outra flotilha de ajuda que rumava para Gaza.
Liberdade para os ativistas do Madleen
Segundo vídeos diretos da embarcação, por volta das 3h da manhã do dia 9 de junho forças militares israelenses atacaram o barco jogando uma substância que provocou irritação nos olhos e, logo em seguida, as imagens mostravam a tripulação com as mãos em posição de rendição, enquanto o navio era invadido pelos militares israelenses. Durante o dia (dia 09 de junho) a esposa de Thiago afirmou que não sabia o paradeiro do marido e Israel nada informou.
Depois dessas imagens, as comunicações foram cortadas. Deve ser destacado mais uma vez que o sequestro pelos israelenses foi em águas internacionais. Segundo informações da mídia burguesa, o ministro da defesa de Israel, os ativistas pela liberdade dos palestinos seriam levados para a cidade portuária israelense de Ashdod.
Isso significou consequências mortais para os palestinos e para qualquer um que tentasse ajudá-los. Em 2010, as forças israelenses assassinaram 10 pessoas em uma flotilha de ajuda. E no mês passado, o barco de consciência com destino a Gaza foi incendiado por drones na costa de Malta.
Podemos condenar essa ação de Israel sobre diversos aspectos do Direito Internacional, da soberania das nações, etc., mas o mais forte é de que Israel é um Estado invasor, de ocupação e colonialista da Palestina. O que o Estado de Israel, a extrema-direita israelense e o sionismo fazem é um crime contra a humanidade e precisam ser detidos.
As milhões de imagens e vídeos que circulam pelo mundo mostram a crueldade e do que esse regime e Netanyahou são capazes, ou seja, a vida dos 12 tripulantes está em perigo. Nesse sentido, é urgente e necessário uma ampla campanha internacional pela liberdade de todos eles imediatamente.
O silêncio dos governos e a covardia de Lula
Depois de meses de ataques e dezenas de milhares de mortes e incapacitados, alguns governos imperialistas, como França, Canadá e Alemanha, declararam que “Isarel estão exagerando” e prometerem genericamente medidas que não assustam ninguém e nem serão aplicadas. Enquanto fazem essas “ameaças” continuam enviando armas, combustível e dinheiro para o regime assassino de Israel. A exceção tem sido Espanha que chegou a votar no parlamento o embargo de armas para Israel.
Lula chegou a fazer declarações contra a ação de Israel e até chegou a caracterizar como genocídio a ação em Gaza, mas parou por ai. Até esse momento vez ou outra repete as declarações, mas tomou medidas concretas. É preciso atacar naquilo que sustenta essa guerra que é o fornecimento material, como armas, petróleo, circulação de capitais, etc., pois Israel não vai ser detido por palavras.
Ou seja, Lula se acovarda diante dos interesses da extrema-direita brasileira, membros do seu governo e da sua base parlamentar que defendem o silêncio (portanto, a conivência com o massacre).
Segundo a FEPAL (Federação Árabe Palestina), “em 2024, o Brasil foi o 12º maior parceiro comercial de “israel”, representando 2,1% do comércio do regime genocida. É o 2º das Américas (atrás dos EUA, o maior parceiro de “israel” no mundo) e o 1º da América Latina” (o segundo é o México, que no geral é o 28º parceiro de Israel, com um comércio três vezes menor que o brasileiro) (…) O Brasil enviou 260 mil toneladas de petróleo cru produzido em campos de propriedade conjunta da Shell, Total Energies e da Petrobras (…) Até o mês de julho, o Brasil era responsável pelo fornecimento de 9% do petróleo bruto importado por “israel”, tendo enviado 65 remessas de óleo cru e combustível nos primeiros nove meses de genocídio.
Isso quer dizer que em cada bomba que cai em Gaza, há participação brasileira.
Por isso, é fundamental aumentar a pressão sobre Lula para que rompa todas as relações com Israel:
– Expulsão do embaixador e do corpo diplomático israelense;
– não comprar e não vender nenhum produto;
– proibir as empresas que financiam o sionismo de atuarem no Brasil;
– Nenhuma cooperação policial e militar com Israel;
Este o enorme significado da flotilha Madleen que está ousando enfrentar o regime israelense e mostrando aos povos do mundo que, com mobilização, é possível derrotar Netanyahou e o regime racista que ele representa.
Formar comitês de apoio a causa palestina
Os Estados com poderio bélico podem muito, mas não conseguem enfrentar a mobilização mundial. Já temos muitos exemplos na história, como na derrota dos Estados Unidos no Vietnam, as mobilizações pelo mundo foram fundamentais para o enfraquecimento estadunidense. E o mesmo pode acontecer com Israel.
É sabido que, junto com a resistência do povo palestino, as mobilizações na Europa com passeatas de centenas de milhares de pessoas e as ocupações estudantis nos Estados Unidos, impediram que Israel avançasse ainda mais sobre Gaza. E a pressão dos povos de cada país também pode pressionar os governos a retirarem o apoio a Israel.
No Brasil a rejeição a Israel cresceu bastante nos últimos meses. As cenas da destruição em Gaza e os corpos de mulheres e crianças mostraram qual o papel do sionismo israelense, mas esse sentimento ainda não se transformou em mobilização de massas.
Nós de Emancipação Socialista, entendemos que, além de todos os esforços já realizados pelos diversos grupos e organizações, é importante o movimento dar mais um passo que é a formação de comitês nos locais de trabalho e estudo ou mesmo nos municípios e regiões, ampliando as ações de informação para o povo e organizando mais ações de rua.
