Os problemas ambientais são graves e colocam a humanidade, sem exagero, em perigo de extinção. Clima, chuva e calor em excesso, desmatamento, aquecimento dos oceanos, etc. mostram que os problemas são em todas as áreas e por todo o globo.
Apesar do negacionismo de muitos, como Trump e a extrema-direita, cientistas e estudiosos do meio ambiente alertam para a proximidade de um ponto de não ter mais volta e ser impossível conter a destruição ambiental. Se essa hipótese estiver correta, significa que as formas de vida logo deixarão de existir no planeta.
É um diagnóstico sombrio e mostra a urgência de mudar esse rumo, antes que seja tarde. É necessário construir um forte movimento da classe trabalhadora para enfrentar essas questões do meio ambiente.
Pelo modo como funciona, o capitalismo não pode oferecer uma saída
Os ideólogos da burguesia quando tratam da questão ambiental dizem que o problema é o ser humano, uma forma de individualizar a responsabilidade. Uma conclusão para fugir da causa desse colapso ambiental, que é a forma como o capitalismo produz e consome.
Como assumir esse fato seria reconhecer o sistema capitalista como a causa do colapso ambiental, tratam como uma questão individual. Por essas ideias da burguesia, a essência do ser humano é destruir a natureza. E com boa educação o problema estará resolvido. Nada mais falso.
Para responder a esse argumento, é preciso pensar de qual ser humano estamos falando, pois a cada época histórica há um ser humano especifico, refletindo as ideias de sua época. Por isso é importante entender o ser humano na sua forma social, na atividade de produção das necessidades para a sua existência.
Aquele que vivia de coletas, de pesca, ou seja, diretamente da natureza, precisava preservá-la, pois a sua vida dependia diretamente do meio natural equilibrado. O trabalho – a mediação do ser humano com a natureza- ao não ser alienado, permitia a perfeita integração e harmonia com a natureza.
Já no capitalismo, com a apropriação privada da riqueza produzida, o trabalho é alienado, ou seja, o ser humano no seu ato de produzir além do necessário e para acumulação, estabelece com a natureza uma relação alienada, não se reconhecendo nesse ato e a natureza é algo estranho. Assim, esse ser humano constituído no capitalismo não se preocupa com a natureza.
Por óbvio que, até mesmo como parte da resistência ao sistema e diferenciação do ser social (formado pelo capitalismo), há indivíduos que se preocupam e cuidam da natureza, denunciam o colapso ambiental, etc. Já a burguesia, mesmo com esse discurso, se acreditasse na solução individual, no lugar de assassinar ambientalistas, incentivaria mais ações contra empresas poluidoras e o destruidor agronegócio.
Por isso, concluímos que a solução não passa por ações individuais (ainda que como cada indivíduo se comporte seja muito importante), mas pela mudança do mundo que forma esse ser social.
Só com o fim do capitalismo
Acima demonstramos que a burguesia, mesmo que quisesse, não resolveria o colapso ambiental. A lógica da produção capitalista a impede. Essa é a razão das várias conferências organizadas pela ONU sobre meio ambiente, como a próxima COP de Belém, servirem basicamente para marcar a próxima, novas metas que também não serão cumpridas.
Só uma sociedade socialista, quando a lógica da produção for para a coletividade e não para o lucro, será possível produzir para garantir a vida e preservar o meio ambiente. Não há meio termo e nem muito tempo porque a tendência é acelerar a destruição.
O socialismo permitirá medidas como a interrupção da produção baseada em indústrias poluentes, uma transição energética a partir dos interesses da classe trabalhadora, parar o desmatamento e proteger os povos originários, entre outras medidas.
Mas não dá para esperar a revolução, é preciso, desde já, denunciar e enfrentar os planos dos capitalistas e dos governos contra o meio ambiente (contra o desmatamento, exploração de petróleo na bacia amazônica, etc.), mas essas pautas imediatas precisam estar articuladas com a luta contra o sistema, o causador desse colapso ambiental.
É nesse sentido que defendemos a construção de um movimento de defesa do ambiente anticapitalista.