Na campanha eleitoral, Lula e o PT defenderam um programa burguês, de gestão do capital e do Estado capitalista. E em alguns aspectos até com viés neoliberal.
É uma constatação que não permite ilusões de que o governo Lula vai romper com o modelo econômico hegemônico no país. Quem esperar uma guinada vai se desiludir.
O que muda em alguns aspectos é a política econômica, como destinar uma parte maior para programas sociais e serviços públicos, sem mexer na estrutura econômica do país. Para ficar só em um exemplo, os recursos para o bolsa família nos governos petistas anteriores era de 0,5% (meio por cento!) do PIB, ou seja, migalhas que caem da mesa dos ricos.
Não somos contra as políticas sociais como o Bolsa Família, Auxílio Brasil, etc. porque muitas vezes é a condição para uma família se alimentar ou não.
A polêmica com o petismo é que essa forma de governar é uma continuidade do projeto do capital no Brasil, com algumas mediações e forma (programas sociais, políticas públicas mais efetivas) que não questiona a exploração capitalista no país.
É verdade que Lula nunca propôs o rompimento nem com o capitalismo e nem com a estrutura econômica brasileira, pelo contrário, sempre defendeu a continuidade. A diferença, segundo ele mesmo, é que também “quer um pouco para os pobres”.
A disparidade entre uma política revolucionária e a do petismo é que o nosso objetivo é a ruptura com o sistema capitalista, é acabar com a causa principal da pobreza e da miséria no mundo. Não queremos as migalhas, pois, é a classe trabalhadora que produz toda a riqueza do mundo e nada é mais justo do que ela desfrutar dessa riqueza.
A defesa da Revolução Socialista como única forma de mudar a vida não impede que lutemos pelas questões imediatas, pelo contrário, os revolucionários participam ativamente dessas lutas. Porém, procuramos aprofundar as conquistas, até chegar ao questionamento do sistema capitalista.
Já o “modo petista” de governar é uma gestão que, em essência, atende aos interesses gerais do capital; ou seja, não vai atender as reivindicações do movimento e se confrontar com a burguesia.
A grande distinção dos governos petistas está relacionada à chamada pauta dos costumes, mesmo assim de forma bastante relativizada. As questões de orientação sexual, de gênero e raciais têm muito mais espaço nas gestões petistas, mas mesmo nessas pautas há muito atraso, como a questão do direito ao aborto, por exemplo.
A solução dos problemas que afetam o povo brasileiro passa pela adoção de medidas radicais que caminhem para ruptura com o sistema de exploração. Apresentamos algumas medidas fundamentais: não pagar a dívida pública interna e a externa (para fazer um plano de obras públicas, aumentar investimentos na saúde e educação públicas); estatização do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores; para garantir gás de cozinha, gasolina e diesel para a população pobre e trabalhadora: Petrobras 100% estatal, sob controle dos trabalhadores; para acabar com o desemprego: reduzir a jornada de trabalho; estabilidade no emprego; para acabar com a fome no país: expropriação do latifúndio e reforma agrária, sob controle dos trabalhadores; para todos terem casa: reforma urbana e desapropriação dos imóveis desocupados; sobretaxar as grandes fortunas; IPTU progressivo para as grandes propriedades, regular e taxar a remessa de lucro das multinacionais, cobrar impostos sobre os rendimentos dos grandes investidores.