Para quem não acreditou que Elon Musk fez mesmo uma saudação nazista na posse de Trump, basta conhecer um pouco de sua história e verá que nem foi “sem querer” e nem descuido. Foi um ato pensado.
Mas, ele é somente uma parte desse problema.
Com a eleição de Trump, as chamadas bigtechs (google, X, Meta, Amazon, Apple, etc.) se agruparam em torno desse governo, que prometeu gastar dinheiro público com (mal chamada) Inteligência Artificial (IA). Isso vai possibilitar que essas empresas ganhem mais bilhões de dólares. Assim, a burguesia se junta e se alinha ideologicamente com seus governos.
Outro problema é esse fortalecimento da extrema-direita pelo mundo, que fica à vontade para impor suas convicções políticas e ideológicas.
O apoio a Trump permitirá a essas empresas estreitar ainda mais as relações com os vários outros governos, grupos e partidos da extrema-direita pelo mundo afora.
Um poder político paralelo
As empresas controladoras das redes sociais se transformaram numa força econômica e política impressionante que, além de ganharem muito dinheiro, detêm as principais formas de comunicação entre pessoas e abrem caminho para todo tipo de manipulação.
E não é segredo que a extrema-direita se apropriou extremamente dessas formas de comunicação e, pelas várias redes sociais, circula mentiras, ataques, desinformação, etc. para seu fortalecimento e com a proteção dos donos dessas redes sociais.
O poder é tão grande que influenciam ou até decidem uma eleição, como vários estudos têm comprovado.
Deve ser considerado também o fato de terem o controle sobre o conteúdo e a distribuição das publicações (como fazem), isso restringe informações e dados ou amplia a distribuição de outros conforme seus interesses. Citamos como exemplo a desconstrução que essas redes fizeram com os conceitos de socialismo, comunismo, esquerda, entre outros.
Juntando esses elementos com a situação política e o fortalecimento da extrema-direita, os bilionários donos dessas bigtechs querem transformar seu poder econômico em um poder político paralelo.
Na prática querem decidir sobre tudo sem precisarem de um único voto, não só nos Estados Unidos, mas mundialmente.
A presença dos donos da Meta (Instagram, facebook), da Google, Apple, Amazon, TikTok e Open AI na posse de Trump foi uma demonstração de força e de apoio ao governo do principal país imperialista, que é muito interessado em formas de poder paralelo.
E Musk, não é nazista?
Voltemos a Musk. Seu pai Errol Musk era sul-africano e sua riqueza se originou em Zâmbia, na exploração do trabalho de zambianos na extração de esmeraldas numa mina. Uma vez afirmou que “tínhamos tanto dinheiro às vezes que nem conseguíamos fechar nosso cofre”.
Seu pai nasceu na África do Sul porque seus avós, membros do Partido Nazista Canadense, se mudaram para lá e com o apartheid podiam viver sem serem perseguidos. Foi nesse ambiente político e familiar que Elon Musk nasceu.
Seus posicionamentos políticos mais recentes mostram esse mesmo caminho: na pandemia de Covid chamou de “fascistas” as restrições na Califórnia, inclusive retirando suas fábricas do estado. Culpou os imigrantes por sua filha ter feito a “transição” e usou várias frases transfóbicas.
No Brasil sua fama é, principalmente, por não aceitar formas mínimas de controle sobre o X (antigo twiter).
Bigtechs, um perigo ainda maior
Os monopólios são partes do sistema capitalismo, inclusive têm força política pelo mundo, isso não é novidade. Mas, essas empresas, até pela sua própria atividade, dialogam diretamente com as pessoas, aumentando em muito a sua capacidade em estabelecer relações diretas, pois chegam aos celulares das pessoas a qualquer momento, manipulam mentes e corações. Ou seja, representam um perigo qualitativamente ssuperior.
E nos parece que a esquerda ainda não se deu conta da ameaça que esses monopólios representam. E não é uma batalha fácil, essas formas de controle e de domínio são sutis e indiretas, até têm aparência de democráticas por permitirem o acesso às publicações sem restrição, as pessoas podem publicar o que querem e a qualquer momento, alcançarem mais pessoas com seus vídeos, entre outras formas.
Mas, na realidade há um rígido controle, definindo o que chega, como chega e o que não chega às pessoas.
Não acreditamos que a esquerda precise abandonar as redes sociais ou deixar de produzir materiais, mas precisamos entender o significado desse processo (relativamente recente) e termos uma política que tenha como centro o controle social sobre essas empresas.