As ruas do país se encherem no dia 29 de maio. Mais de 450 mil pessoas gritaram pelo Fora Bolsonaro e por vacinas para todos e todas, gritaram pelas centenas de milhares de mortes, das quais muitas poderiam ter sido evitadas.
Ocorreram atos em 26 capitais e em outras dezenas de cidades mostrando que o repúdio ao governo Bolsonaro é generalizado. Além do número de manifestantes também se pode notar o amplo apoio que recebia da população. Certamente se não fossem as restrições por conta da pandemia seríamos muito mais.
Sem dúvida foi a maior manifestação desde o “tsunami pela Educação” de 2019 e tem um elemento qualitativo importante, pois dessa vez o conteúdo foi mais amplo e mais político, com reivindicações por mais verbas para a Educação pública, mas também contra o governo de conjunto e a política econômica. Reflete a experiência que a classe trabalhadora já fez com esse governo.
Manifestações de Rua ou eleições?
Outro elemento importante foi que os atos aconteceram apesar da direção do movimento. Com participação discreta da CUT e inclusive com o posicionamento contrário de muitos dirigentes do PT, a imensa maioria das pessoas se mobilizaram espontaneamente, numa demonstração de que cansaram dessa situação.
O papel da direção cutista e petista, a principal do movimento social se explica pelo pacto que realizam com a burguesia, no qual se comprometeram em preservar Bolsonaro e assim não aprofundar a crise política. Pensam que com isso Bolsonaro vai se desgastando e assim aumentam as chances de Lula, que já lidera a corrida eleitoral, ganhar as eleições.
Lula foi ainda mais omisso. Não ajudou a convocar e se manteve em silêncio mesmo depois do ato, pois não quer se confundir com os movimentos de rua e se desgastar com a burguesia.
A questão é que o recado das ruas não é de esperar as eleições, pelo contrário, é preciso uma resposta para agora, pois, como constava em alguns cartazes, “quem tem fome não pode esperar até 2022”.
Nesse sentido, é fundamental que o movimento consiga se desenvolver e construir formas de organização pela base e independente dessas direções.
Só assim será possível avançar na luta pela derrubada de Bolsonaro e das demais reivindicações da classe trabalhadora, como acelerar a vacinação de toda população, a ruptura com o pagamento da dívida pública para garantir auxílio emergencial decente, investimento nos serviços públicos, criação de empregos, etc.
São reivindicações que não se conquistam por eleições, mas com povo organizado e mobilizado.
E a pandemia? os cuidados para não cair no negacionismo
Uma justa e importante preocupação de muitos militantes e organizações são os cuidados sanitários. É preciso reconhecer que em eventos dessa grandeza os riscos aumentam. Nesse sentido, as várias iniciativas “das brigadas sanitárias” com distribuição de álcool em gel, máscaras e distanciamento foram fundamentais, uma diferença importante com os atos da extrema-direita com aglomerações e sem nenhum cuidado sanitário.
Mas ao agravamento da situação econômica e social, aumento do desemprego, cortes de verbas nas universidades públicas e Bolsonaro e seu governo sabotando a vacinação, chegou num ponto insustentável que levou as pessoas aos atos. Como diz a juventude colombiana: o governo é mais perigoso que o vírus. É o mesmo sentimento da juventude brasileira, a principal vítima da crise econômica e social do país.
As questões sanitárias não são secundárias, como alguns setores da esquerda agem, política que os iguala ao negacionismo da extrema direita e de Bolsonaro. A ameaça da 3ª onda com cepas mais agressivas coloca a necessidade de os próximos atos os cuidados serem redobrados. É preciso lutar e preservar a vida.
Próximo round é Dia 19 de maio:
O próximo ato já está marcado para o dia 19 de junho e vai acontecer em todos os estados do país.
É fundamental que as entidades do movimento social organizem suas bases e fortaleçam a convocação. Derrubar Bolsonaro não é uma tarefa fácil, pois apesar da sua popularidade estar caindo, ainda conta com apoio importante, como indicam as pesquisas eleitorais.
Queda da popularidade não significa que esteja derrotado. Temos um longo caminho para isso acontecer. As recentes manifestações de Bolsonaro sobre motos (os trabalhadores de entrega por aplicativo não estavam presentes) é parte do plano de unificar a sua base na extrema-direita e virão outras ações.
Por tudo isso é fundamental que o dia 19 de maio seja um grande dia de luta e manifestações por todo o país demonstrando a força popular da luta pelo Fora Bolsonaro.
Outra questão fundamental é exigir que as direções da CUT e PT convoquem as categorias para participar desse dia. Se mantiverem essa política imobilista para agradar a burguesia vão assumir de vez o papel de traidores da classe trabalhadora.
Se organize para participar e ajude na convocação em seu estado e cidade.
Não se esqueça de preparar o kit de proteção, com álcool em gel, máscara (PFF2 ou N95), manter o distanciamento, para se proteger e continuar forte na luta para derrubar Bolsonaro.